segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eugénio de Andrade - Fim de Verão




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Talvez nem seja um tordo. Um pássaro
cantava. Seria o último
desse verão. A própria luz

não ajudava: não era barco
de manhã nem brisa ao fim da tarde.
Talvez o anjo do poema

pudesse em seu lugar subir aos ramos
e cantar. Mas os anjos
são tão distraídos! Deles não há

nada a esperar, a não ser fogo
de palha. Talvez nem seja um tordo.
O seu canto, só vibração do ar.



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Um comentário:

  1. Marcia,

    Um belo poema de Eugénio de Andrade, esse seu "Fim de Verão". Quanto ao poeta, não se pode ter dúvida de que é um dos mais importantes poetas de Portugal do século 20. Deveria ser mais divulgado no Brasil.

    Seu blog, Marcia, é muito bom. Parabéns.

    Abraços,
    Pedro.

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