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Talvez nem seja um tordo. Um pássaro
cantava. Seria o último
desse verão. A própria luz
não ajudava: não era barco
de manhã nem brisa ao fim da tarde.
Talvez o anjo do poema
pudesse em seu lugar subir aos ramos
e cantar. Mas os anjos
são tão distraídos! Deles não há
nada a esperar, a não ser fogo
de palha. Talvez nem seja um tordo.
O seu canto, só vibração do ar.
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Marcia,
ResponderExcluirUm belo poema de Eugénio de Andrade, esse seu "Fim de Verão". Quanto ao poeta, não se pode ter dúvida de que é um dos mais importantes poetas de Portugal do século 20. Deveria ser mais divulgado no Brasil.
Seu blog, Marcia, é muito bom. Parabéns.
Abraços,
Pedro.